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N​é​voa [DOM14]

by Naves Cilíndricas

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1.
Ouroboros 03:39
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2.
Duna 04:13
3.
Monólito 03:14
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4.
Névoa 03:32
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5.
Oásis 04:25
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6.
Holograma 03:55
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about

“Névoa” is the latest beguiling mutation from the Brazilian producer Naves Cilíndricas, in which his shape-shifting sound design skills come to the fore as an ever-morphing, hyper-modern feature that never shies away from its highly affective if not androgynous pathos; beneath its multicolored digital simulacrum, one can still find traces of human vocalizations next to fragmented robotic speech. Its ultra-stylized tones and somewhat percussive ghostly presence should perhaps be perceived more as sonically sculpted environments where one can navigate and drift through rather than tracks per se.

At times melancholic and ethereal and by the same token hermetic and noisy, his melodic arrangements composed of digitally generated timbres and hyper-processed vocals simultaneously evoke dystopic images and videos in an attempt to extrapolate the limits between body, sound, and image.

*

Como quem toma um tranco, acordamos para enxergar nossos pés habitando poças, nossa cabeça submergindo numa neblina implacável, que torna turva a visão. Tão logo uma mão esquerda imaginária nos aperta forte a clavícula, outra, direita, acua nosso baço com a ponta do dedo indicador. Por entre o vapor que esconde o plano, percebemos a aparição dos primeiros sons, dos primeiros feixes de luz. Sentimos o espanto denso diante do momento de possibilidade total. De dentro da névoa vão aparecendo também as formas das coisas em seu aspecto mais primitivo, gutural: do monólito aos tetrápodes terrestres e às espécies todas de quando a vida corria solta pelas planícies. E no meio de tudo, os excessos capitais: arranha-céus, eletrodomésticos, explosões nucleares, supercomputadores, postos de gasolina, cavas de mineração e grandes galpões abandonados. Somos carregados por entre os matos remanescentes, pelas ruas das cidades, pelas zonas industriais sem uso. Olhando para o céu ou para o magma, testemunhamos a memória da jornada morfológica da vida na Terra. Enigma arquivado em qualquer esquina do mundo, em qualquer imagem celeste que continua nos chegando.

Quem agora olha para baixo vê seu metatarso se desmanchando, somando-se ao solo. Logo a panturrilha se desfaz, a articulação do joelho se desmonta, e a cintura esquenta, se liquefaz, rodopia como um redemoinho num curso d’água. O que era corpo organizado já é uma maçaroca escorrendo pelo chão, adentrando as fissuras da crosta, pulsando livre até vazar do próprio planeta. Até gotejar no vazio.

Germano Dushá

credits

released September 4, 2020

Produced by Naves Cilíndricas
Mastered by Naves Cilíndricas
Artwork by Naves Cilíndricas

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Domina is a Brazilian label focused on the local underground and experimental electronic music scene.
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